Um dos principais espaços de demonstração das ações socioambientais da Itaipu Binacional é o Refúgio Biológico Bela Vista (RBV), localizado em Foz do Iguaçu. Criado em 1984, com o objetivo inicial de abrigar os animais silvestres resgatados na área do reservatório, onde ocorreu a redução do espaço vital terrestre, e também para servir de base para a produção de mudas florestais para a formação dos cerca de 34 mil hectares de áreas protegidas da Binacional.
Visando adequar os espaços do refúgio às necessidades e demandas atuais, incluindo o emprego de estratégias de zoodesign e ações de conservação ex-situ, a Itaipu Binacional promoveu um concurso de arquitetura em duas etapas aberto a arquitetos de todo o Brasil. Conheça, a seguir, a proposta vencedora, dos escritórios RibasMarçal Arquitetura e Tempo Arquitetos.
Da equipe: O projeto de reformulação dos espaços do Refúgio Bela Vista busca a reorganização de quatro macroáreas em pleno funcionamento e dotadas de estruturas de aproximadamente duas décadas de idade. A intervenção vale-se dos partidos principais de:
1. intervenção mínima, com o máximo aproveitamento da infraestrutura existente (vias, acessos, conjuntos de edificações a manter, tanques e lagos), 2. construção modular leve e seca, utilizando-se de materiais e sistemas construtivos leves e secos passíveis de modulação tal para viabilizar o transporte das peças e componentes em veículos leves e montagem sem a necessidade de maquinários ou equipamentos de grande porte, 3. ressignificação de espaços, para a manutenção da memória das edificações existentes a serem recuperadas e/ou demolidas (destaque à manutenção dos pórticos treliçados metálicos do chamado galpão - casa tradicional da Vila C - e não descaracterização física/abstrata da arquitetura radial da Casa do Sol e Lua, 4. paisagismo e cor, uma vez que a coloração avermelhada proposta possui espectro eletromagnético menos perceptível para a maioria das espécies animais e de forte presença compositiva frente ao verde de fundo, e 5. dramaturgia teatral, utilizada para a construção dos espaços voltados à interação homem-animal e homem-natureza, emulando-se construtivamente aos conceitos de approach, clímax, impacto e retorno.
A - CASIB: Implantação e distribuição de recintos por eixo com ponto focal na Torre proposta para a Área C, com máxima oposição física entre recintos de presas e predadores e locação de recintos para facilitação dos realocamentos durante as etapas construtivas e preservação dos bosques já instalados.
B - ACESSO/BILHETERIA: Acesso de visitantes por Pavilhão coberto paralelo à Alameda Teresina - cuja proporção assume grande impacto visual porém sem se portar agressivamente a escala local da vila do entorno - e Esplanada que reforça o eixo visual existente até o atual Centro de Visitantes.
C1 - CASA DO SOL E LUA: Reformulação da Casa do Sol e Lua para implantação de percurso expositivo em sentido único com expografia construída a partir da temática “Os quatro elementos e a Vida”, conceito fundamental do projeto original do Refúgio e que rege também as novas intervenções - Escadarias de Tupã (Torre - ar), Praça dos Artrópodes (Trilha - terra) e Caminho das Águas (Mirante - água).
C2 - RECINTO DE IMERSÃO: Prevê-se a circulação em diferentes cotas do terreno e a locação ao longo do percurso de Pontos de Observação de paisagens selecionadas para valorização do percurso.
D - COMPLEXO DAS ONÇAS: Complementação do Recinto existente com dois novos recintos reservados e um novo Recinto de Visitação. Inserção de Praças de Aprendizado e três momentos clímax: o Mirante das Onças, a Passarela das Onças e a Praça das Vistas.
Ficha Técnica
Autoria: Augusto Longarine, Luiz Sakata, Marcelo R Marçal
Colaboração: Matheus Silva, Pedro de Borba
Estrutura: Sandro Oyama
Biologia: Beatriz Fumelli
Paisagismo: Roberto de Sá
Veterinária: André Mourão
Tipo: materplan e requalificação
Área construída: 90.000m2
Imagens: Luiz Sakata e Marçal Studio
Veja a proposta completa aqui.